Ex-capitão e meio-campista histórico do Liverpool e da seleção inglesa, o hoje treinador Steven Gerrard disse que a chamada “Geração de Ouro” do futebol do país foi formada por jogadores “perdedores egoístas”. A fala foi registrada durante uma entrevista ao podcast Rio Ferdinand Presents, comandada pelo seu ex-companheiro de seleção, Rio Ferdinand.

“Acredito que tínhamos o QI e a inteligência futebolística para nos adaptarmos e fazer tudo funcionar juntos. Mas, na minha opinião, há um problema maior na Inglaterra. Acho que éramos todos uns perdedores egoístas. Porque assisto à TV agora e vejo [Jamie] Carragher sentado ao lado de Paul Scholes naquele debate de torcedores, e ele parecia que eles eram melhores amigos há 20 anos. E vejo que o relacionamento de Carragher com Gary Neville. nunca pareceu realmente que eles seriam amigos há 20 anos. Provavelmente sou mais próximo e amigo de você agora do que quando joguei com você por 15 anos”, iniciou dizendo.

Segundo o ex-jogador, havia uma “cultura dentro da Inglaterra” que impedia a aproximação de astros que atuavam por times rivais como John Terry e Frank Lampard, do Chelsea; Paul Scholes, David  Beckham e Wayne Rooney, do Manchester United, além de outros.

Gerrard, Scholes e Nick Butt em 2003;. companheiros em campo, mas com pouco diálogo fora dele - Rui Vieira/EFE

Gerrard, Scholes e Nick Butt em 2003;. companheiros em campo, mas com pouco diálogo fora dele – Rui Vieira/EFE

“Então, por que não nos conectamos quando tínhamos 20, 21, 22, 23 anos? Foi ego? Foi rivalidade? Por que somos todos maduros o suficiente agora e em fases da nossa vida em que estamos mais próximos e conectados? Por que não conseguimos nos conectar como companheiros de seleção da Inglaterra naquela época? E acho que foi por causa da cultura dentro da Inglaterra que nunca fomos conectados. Ficamos todos muito tempo confinados em nossos quartos. Não éramos amigáveis ​​nem conectados. Não éramos uma equipe. Nunca, em nenhum momento, nos tornamos uma equipe realmente boa e forte”, afirmou.

 

 

Desde janeiro sem clube, quando deixou o Al-Ettifaq, da Arábia Saudita, Gerrard ainda tem poucos trabalhos como treinador. Ele acumula passagens pela base do Liverpool, ficou mais de três temporadas no Rangers e também dirigiu o Aston Villa.

Como jogador, fez parte da equipe que chegou às quartas de final das Eurocopas de 2004 e 2012 e das Copas do Mundo de 2002 e 2006, resultados considerados aquém das expectativas pelo potencial técnico dos jogadores, principalmente os de meio-campo.

Pelo Liverpool, é considerado um ídolo histórico pelos 710 jogos, 186 gols, além do título da Champions League de 2005. Pela seleção inglesa foram 114 partidas e 21 gols marcados.