Endrick, atacante do Real Madrid, completará pouco mais de cinco meses sem entrar em campo ao final desta Data-Fifa. A ausência em jogos oficiais foi levantada pelo The Athletic, que lembra que 18 de maio, contra o Sevilla, foi a última vez que o atacante de 18 anos esteve em campo. A próxima partida dos merengues por LaLiga será no domingo, 19, contra o Getafe.
Lesão no músculo posterior da coxa direita à parte, o cenário mudou drasticamente para o jovem desde quando chegou ao Real Madrid, em julho do ano passado. Ele viu seu técnico, Carlo Ancelotti, deixar o clube para assumir a seleção brasileira e ser substituído por Xabi Alonso.
O jogador ainda enfrentou rumores sobre uma possível saída e, como contraponto, herdou a icônica camisa 9. Longe dos gramados, Endrick também ficou ausente da seleção pela terceira convocação seguida, desde a derrota para a Argentina em março, que marcou sua última aparição com a amarelinha.
Concorrência acirrada e a palavra do técnico
Ainda segundo o braço esportivo do jornal The New York Times, Xabi Alonso foi transparente com Endrick sobre a dificuldade de conseguir minutos em uma equipe remodelada, mas o jogador optou por permanecer no Santiago Bernabéu.
“Há muita concorrência agora, na posição dele e nas áreas ao redor”, afirmou Alonso antes do jogo contra o Villarreal. “A hora dele vai chegar”. Essa partida, vencida por 3 a 1, foi a quinta consecutiva em que o brasileiro foi relacionado, mas não saiu do banco de reservas.
Então, como o jovem atacante, contratado do Palmeiras por 35 milhões de euros mais bônus, está lidando com a situação e qual o plano para seu futuro?
Um primeiro ano de adaptação e aprendizado
A temporada de estreia de Endrick no Real Madrid foi vista internamente como um período positivo de adaptação. O clube chegou a usar estatísticas de outros jovens talentos para mostrar ao atacante que ele estava no caminho certo. Ele encerrou o ano com 37 partidas, superando os números de Vinicius Junior (31) e Rodrygo (26) em seus respectivos primeiros anos. No entanto, jogou menos minutos (847 contra 1.742 e 1.428).
Seus sete gols igualaram a marca de Rodrygo em 2019/20 e superaram os quatro de Vinicius Jr. na temporada anterior. Nos bastidores, havia um consenso de que a cautela de Ancelotti em apostar em jovens, como Endrick e Arda Guler, limitou seu tempo de jogo. O próprio técnico italiano chegou a afirmar que promessas precisavam “esquentar o banco” antes de se firmarem.
As lesões que atrapalharam o recomeço
A chegada de Xabi Alonso era vista como uma oportunidade de recomeço, mas duas lesões impactaram os planos de Endrick. A primeira, um problema na coxa sofrido justamente contra o Sevilla em maio, o tirou do Mundial de Clubes nos Estados Unidos. Enquanto o elenco viajava, o brasileiro permaneceu em Madri focado na recuperação, com treinos em três períodos.
Durante sua ausência, o atacante da base Gonzalo García aproveitou a chance e, com a ausência de Kylian Mbappé por doença, brilhou no torneio, sendo o artilheiro com quatro gols. Buscando se aproximar do novo técnico, Endrick viajou para os EUA no final de junho, mas, em seu primeiro treino com o grupo, sofreu uma nova lesão no mesmo local. O revés foi um balde de água fria: ele só voltaria em setembro e teria que começar do zero com Alonso.
A camisa 9 e o plano para o futuro
Em meio a rumores de uma possível saída por empréstimo para a Real Sociedad — sempre negados por seu staff — Endrick recebeu uma notícia animadora em agosto: ele herdaria a camisa 9, número imortalizado por lendas como Alfredo Di Stéfano, Ronaldo Nazário e Karim Benzema.
Recuperado, Endrick voltou a ser relacionado em 20 de setembro, contra o Espanyol, mas permaneceu no banco nos cinco jogos seguintes, entre La Liga e Champions League. “Ele tem faro de gol, precisa de muito pouco para chutar, tem uma finalização brutal”, elogiou Alonso. A falta de minutos, contudo, faz com que seu entorno reavalie a situação em janeiro, visando a Copa do Mundo. Um empréstimo na segunda metade da temporada não está descartado.
Thiago Freitas, seu agente na Roc Nation, disse ao The Athletic que Endrick está “confiante” de que voltará a jogar em breve. “Ele já provou que sempre aproveita ao máximo seus minutos em campo”, afirmou. Os sete gols pelo Madrid vieram em apenas 847 minutos, uma média de 0,74 por 90 minutos. Todos no clube destacam sua maturidade e talento, mas o jovem de 18 anos precisará de paciência até que sua oportunidade chegue.